segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Pequena Casa do Mal


Dennis é um advogado muito competente, e por isso, é sempre requisitado e dependendo do caso em que trabalha, ás vezes fica até tarde no escritório. E foi em uma dessas noites em que trabalhou até de madrugada, que algo terrível aconteceu.
Enquanto passava por uma pequena estrada, Dennis avistou um rapaz que desesperadamente pedia ajuda. Dennis ficou temeroso, mas mesmo assim parou. O rapaz, muito agitado, pediu que Dennis o seguisse. Dennis o seguiu, e o homem pegou uma pequena trilha que adentrava a mata e subia um morro. Dennis perguntava o que estava acontecendo, mas o rapaz apenas pedia que o seguisse. Dennis continuou a seguir o rapaz por uns trinta metros morro acima. Estava muito escuro, e Dennis acabou perdendo-o de vista. Ele ficou chamando pelo rapaz por alguns minutos, mas nem sinal do individuo. O local estava uma escuridão total, e Dennis meio sem saber o que fazer andou mais alguns metros adiante, até que, por trás de algumas árvores, ele notou que havia uma claridade. Essa claridade, era de uma lâmpada em frente a uma pequena casa situada bem no alto do morro. Dennis foi caminhando em direção a casa, mas alguns metros antes de chegar nela, ele começou a escutar um barulho no matagal. A vegetação alta e a escuridão fizeram com que Dennis ficasse parado, sem reação alguma, apenas ouvindo os sons a sua volta. Eram sons de passos, e Dennis nesse momento, se arrependeu de ter parado o carro, pois pressentia que algo ruim estava prestes a acontecer. Não havia mais sinal daquele rapaz, os sons de passos continuavam, o local completamente escuro, e Dennis na dúvida se corria até aquela casa ou não. Mas pensando um pouco mais, ele decidiu voltar pela trilha e sair daquele local estranho. Mas enquanto caminhava rapidamente para retornar a seu carro, Dennis foi surpreendido terrívelmente. Um homem saiu do matagal e golpeou Dennis bem na cabeça com uma pá. Dennis meio atordoado, conseguiu se levantar e correr de volta pela trilha, mas aquele estranho homem o seguiu. Enquanto corria atrás de Dennis, o homem gritava assustadoramente, mas Dennis conseguiu correr de volta até a rua, chegar no seu carro, pegar o telefone e avisar a policia. Uma viatura chegou em poucos minutos, e foram os policiais que avisaram Dennis sobre um sério ferimento na cabeça, que devido ao susto, ele não havia percebido. Dennis contou tudo aos policiais, contou sobre o rapaz que pediu ajuda e desapareceu e também sobre o homem que o atingiu com uma pá. Como o ferimento na cabeça parecia ser grave, uma ambulância foi chamada e Dennis encaminhado para um hospital.
Os policiais chamaram reforços, e alguns minutos depois chegaram mais duas viaturas. Dois dos policiais ficaram próximos aos carros, enquanto os outros quatro iniciaram a subida ao moro. Usando lanternas, os policiais foram subindo com muita cautela, examinando tudo ao redor. À medida que subiam pela trilha, o mato ia ficando cada vez mais alto. A escuridão e o vento que batia na vegetação deixaram todos muito apreensivos, pois não sabiam o que iriam encontrar no alto do morro. Foram andando bem devagar, até que avistaram a pequena casa. A lâmpada próxima à entrada da casa continuava acesa. Os policias foram até a casa, deram a volta e viram que a energia elétrica vinha de um velho gerador. Voltaram até a frente, bateram na porta várias vezes, mas ninguém atendeu. Um dos policiais voltou até os fundos para ver se havia outra entrada, e alguns segundos depois, ele gritou chamando os companheiros. Ele havia descoberto várias valas no quintal da casa, todas com comprimento para caber corpos humanos. Todos achando aquilo muito suspeito decidiram invadir a casa. Arrombaram a porta facilmente devido a seu estado deteriorado. Ao entrar na casa, notaram que havia poucos móveis, todos eles em péssimo estado. A sala ficava praticamente junto à cozinha, havia resto de comida por todos os lados, e pra piorar, um cheiro horrível se espalhava por todo o ambiente. No quarto só um colchão e um cobertor velho e no banheiro uma sujeira total. A iluminação precária fez com que os policiais sentissem um enorme desconforto. Vasculharam todo canto da casa, mas, não encontraram nada. Eram quase quatro da manhã, os policiais pretendiam voltar quando o dia clareasse, mas, um deles descobriu algo sem querer. Ele notou que as baratas que lá circulavam, entravam e saíam por um vão debaixo de um tapete velho. O policial levantou o tapete e descobriu uma espécie de alçapão. No principio pensaram ser à entrada de um porão, mas na verdade, era um enorme buraco escavado por debaixo as casa. Dois policiais desceram por uma escada de madeira, havia um túnel de uns dez metros de comprimento, e ao fundo havia uma claridade. Os policiais foram andando lentamente em direção ao fundo do túnel, mas para o azar dos dois, a luz foi desligada. Os policiais voltaram rapidamente à saída e pediram as lanternas. Retornando a investigação, eles continuaram em direção ao fundo daquele túnel, dessa vez, mais apreensivos ainda. E quando já haviam passado da metade, um homem surgiu gritando, e com uma picareta, tentou agredir os policiais, mas ambos conseguiram se esquivar. Começou uma luta entre os policiais e aquele estranho homem, mas entre chutes e socos, ele conseguiu se livrar, subir a escadinha e lá em cima, travar outra luta com os outros dois policiais. Foi preciso um tiro na perna para que conseguissem algemá-lo. Esse homem era um senhor de meia idade, magro, tinha um rosto medonho, cabelos ralos e compridos, barba enorme e poucos dentes na boca. Os policiais estranharam que um homem daquela estatura e idade tivesse tamanha força. Mas foi na hora em que foram levá-lo para fora da casa, que os policiais levaram o pior susto de suas vidas. O homem começou a gritar assustadoramente, e o pior, vários objetos da casa começaram a cair, portas e janelas começaram a bater, as luzes ficaram piscando e um barulho infernal, que pareciam ser vozes, atordoaram os policiais. Eles tentaram correr para fora da casa, mas a porta parecia estar trancada. Aquele homem apavorante ainda tentava agredi-los, e só conseguiram pará-lo, com um tiro na cabeça. O homem caiu morto, e foi nesse momento, que os sons atormentadores cessaram. Os policiais saíram da casa, mas todos ainda muito transtornados, sentaram alguns metros adiante, próximos a uma árvore no meio da trilha. Ficaram todos calados até o amanhecer.
Depois de passado o susto, eles chamaram reforços. Vasculharam a casa inteira, e no fim daquele túnel, havia um altar com várias estatuas de demônios, e no quintal, havia nove valas, todas com corpos dentro. Os quatros policiais decidiram manter aqueles acontecimentos em segredo.
No hospital, Dennis recebeu curativo no ferimento e passou dois dias no hospital em observação. No quarto em que estava, havia um cartaz com fotos de pessoas desaparecidas, e em uma dessas fotos, estava o rapaz que pediu ajuda na estrada. Ele estava desaparecido há três meses e seu corpo foi encontrado em uma daquelas valas.
Alguns meses depois, aquela casa tenebrosa foi demolida, mas, durante a demolição, dois trabalhadores morreram de formas inexplicáveis.

Carta de Despedida




Uma mulher desesperada ligou para a policia. Ela chorava muito e mal conseguia falar, os policiais só conseguiram o endereço da casa através de identificador de chamadas. Ao chegarem, encontraram a mulher abraçada a uma criança, ambas chorando. Essa mulher, apenas disse para os policiais olharem no quarto. Ao adentrarem o quarto, eles se depararam com um terrível cenário. Um homem havia atirado contra a própria cabeça com uma arma de grosso calibre, não sobrou praticamente nada do crânio. Havia sangue por toda parte, o homem, em uma das mãos ainda segurava a arma, e na outra segurava um envelope. Só depois que passaram os enjôos e as náuseas, que um dos policiais pegou o envelope, nele estava escrito o nome da esposa e dentro, havia uma folha de caderno com alguma coisa escrita. O policial começou a ler e se surpreendeu com o conteúdo.
“Querida Julia me perdoe, por favor, cuide bem da nossa Jéssica”.
“Eu não sei mais o que fazer, não consigo me livrar disso, ela está em toda parte, ela me persegue até nos meus sonhos e ouço sua voz a todo o momento. Foi meu pior erro, não devia ter me envolvido com outra mulher. Era para ser apenas uma noite, mas ela não parava de me ligar, começou a ir no meu trabalho, e até aqui na nossa casa ela veio. E quando ela ameaçou te contar tudo, eu decidi dar um fim nisso. Chamei ela aqui em casa, e enquanto eu fingia que arrumava o jardim, aproveitei um momento de distração dela e a golpeei com a pá, ela desmaiou. Eu fiquei muito assustado, e nesse meu momento de desespero, eu a enterrei no quintal da casa vizinha, meu Deus, eu a enterrei viva. Desde então as coisas só pioraram, essa mulher chamada Rose, vive me assombrando. Eu posso vê-la em todos os lugares, o sangue ainda escorre pelo seu rosto, seu choro me atormenta. Eu tentei pedir perdão, mas ela fica lá, parada, apenas olhando para mim, ela deve estar me punindo. Não aguento mais, nunca vou conseguir conviver com isso, fiz uma grande besteira e mereço castigo. Vou fazer justiça, vou acabar com o nosso sofrimento. Julia, eu te amo, amo a Jéssica, mas não mereço vocês, por favor, me perdoem”.
Algum tempo depois, um pouco mais calma, Julia disse a policia que a cerca de um mês, o comportamento de seu marido mudou completamente. Ele andava nervoso, apreensivo, e só dormia a base de calmantes. Que ela o perguntava o que havia de errado, mas ele nunca dizia nada. A policia vasculhou o quintal da casa vizinha e encontrou uma cova onde estava o corpo da mulher, já em avançado estado de decomposição.
Dias depois, enquanto recordava do marido através de algumas fotos tiradas em uma festa realizada alguns dias antes do suicídio, Julia percebeu algo muito estranho e assustador. Todas as fotos em que seu marido se encontrava, bem atrás dele, havia a imagem de uma mulher chorando. Ela tinha um sério ferimento na cabeça que sangrava muito.

A Velha Casa no Fim da Rua


Albert vive com sua família em um dos bairros mais calmos de sua cidade. Na rua em que Albert reside, praticamente todos os vizinhos se conhecem e quase sempre viveram tranquilamente. Apenas uma coisa vem incomodando os moradores. É uma casa que fica no fim da rua e que já está abandonada há muito tempo. Os moradores mais antigos dizem que a família que lá morava, um dia saiu e nunca mais voltou. Não houve mudança e nenhum outro parente apareceu por lá. Desde então, pessoas dizem ouvir gritos, outras relatam ver alguém na janela, alguns dizem sentir uma sensação estranha e ruim ao passarem em frente a casa. Até o parque que se localiza próximo a casa, que as pessoas usam para se exercitar e as crianças para brincar, está sendo evitado. Pois falam que os brinquedos se mexem sozinhos. Até uma pista de corrida que passa ao lado da casa e é cercada por muitas árvores, as pessoas que lá correm, sentem-se perseguidas, mas quando olham para trás, não há ninguém. E assim continua dia após dia.
Certo dia, alguns parentes de Albert foram visitar sua família. Lenny, primo de Albert, é um garoto que gosta muito de aprontar, e sabendo do que ocorria por lá, esperava uma oportunidade para entrar na casa “assombrada”. E a oportunidade veio. Depois de muita insistência, convenceu Albert e mais um colega, que na noite do dia seguinte, eles entrariam na casa. Nesse meio tempo, arrumaram lanternas e uma filmadora só para registrar tudo o que ocorreria lá dentro.
Na madrugada de quinta para sexta-feira, depois que os seus pais foram dormir, Albert e Lenny saíram para se encontrarem com Alex, que já os esperava na rua. Alex estava acompanhado de seu pai, um homem com certa idade, mas com espírito jovem. Os quatro se dirigiram até a casa no fim da rua. Nesse horário, como a rua estava deserta, os rapazes pularam o muro com facilidade. A grama e as plantas do jardim haviam crescido muito, e haviam também alguns brinquedos e até uma bicicleta largados próximo a porta de entrada da casa. Ficaram forçando a porta até que ela cedesse e eles pudessem adentrar a casa. Ao entrar, um forte cheiro de mofo foi sentido. Com as lanternas os garotos iluminavam todo o ambiente, enquanto o pai de Alex começou a filmar tudo. Todos os móveis e eletrodomésticos estavam no lugar, apenas cobertos por uma densa camada de poeira. Um clima tenso pairava no ar, mas mesmo assim eles não desistiram e continuaram a andar pela casa até chegar em uma escada que leva ao andar de cima. Quando se preparavam para subir, começaram a ouvir um barulho como se alguém estivesse correndo lá em cima. Todos sentiram um terrível frio na espinha. Ficaram na dúvida se subiriam ou não. O medo foi se misturando com a curiosidade, e com a insistência do pai de Alex, começaram a subir bem devagar. No andar de cima havia dois quartos e um banheiro, todos com as portas fechadas. Os rapazes foram caminhando lentamente pelo corredor onde também havia uma janela em que era possível avistar a rua. Alex lembrou que uma vizinha disse ter visto alguém naquela janela enquanto passava pela rua. Isso deixou todos mais assustados ainda. Na parede ao lado da janela, várias fotos de família, a maioria delas com um casal e três crianças. O pai de Alex continuava a filmar tudo. Ainda morrendo de medo, Albert forçou as maçanetas das portas dos quartos e do banheiro, mas não conseguiu abrir nenhuma delas. E quando eles pensaram que não havia mais nada para ver e já estavam preparados para ir embora, ouviram um leve ranger na porta de um dos quartos. E quando clarearam a porta com a lanterna, havia uma garota olhando para eles. Ela tinha uma aparência muito estranha. Tinha a aparência de alguém muito doente. Ela era magra e usava um pijama amarelo contendo algumas manchas escuras que pareciam ser sangue. A menina fez um olhar de alguém muito triste e fechou a porta batendo-a violentamente. Os quatro correram e desceram as escadas rapidamente. Albert que estava por último, tropeçou, caiu e fraturou o braço, mas no seu desespero, conseguiu junto com os outros sair da casa e pular o muro. O susto foi tão grande que Albert desmaiou e tiveram que acordar os seus pais no meio da madrugada para levá-lo ao hospital.
Depois do susto, os rapazes contaram tudo o que aconteceu naquela casa. Mostraram até a gravação que fizeram lá dentro. No áudio da gravação, os sons de passos no andar de cima foram captados, mas no momento em que a garota apareceu, o pai de Alex tremeu tanto que só um vulto foi registrado no vídeo. Lenny disse que a garota parecia com uma das crianças que estavam nas fotos na parede da casa.
Ninguém voltou a entrar naquela casa. Também nunca descobriram o que aconteceu com a família que lá morava e quem realmente era aquela garota. Os “fenômenos” não só continuaram a acontecer, mas aumentaram ainda mais.

domingo, 21 de outubro de 2012

Casa sem fim




                 
Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as vezes (AIM era o rei na época pré-facebook). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.

"David, cara, nós precisamos conversar."

Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi o que aconteceu.


Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.

Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia "Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.

A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.

Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum lugar da sala, uma trilha sonora em loop de Halloween que qualquer um encontra em uma loja de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de PA. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.

No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.

A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.

Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.

O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.

Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.

Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.

Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto. O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava, os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu estava incrivelmente errado.


Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado, mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim, mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente. Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar. Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.

Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso. Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.

Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes, eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede-

"Você está bem?"

Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.

A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca tinha estado mais assutado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto. Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.

"David, você deveria ter ouvido"

Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer. Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam. Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro, e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um 7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem onde o quarto 5 estava a momentos atrás.

Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia. Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo, encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6, não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto 7.

Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada. Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.

Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite, e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha agido assim. Eu pensei "tanto faz, ele é um gato velho". Fui para o banho e me aprontei para o que eu esperava ser uma noite de insônia.

Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma porta com um grande 8 riscado com sangue nela.

Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser. Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés. Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto 8.

Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no quarto 8.

Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei lágrimas em seus olhos.

"Por favor.... por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque."

"O que?" Eu disse. "Quem é você? Eu não vou te machucar."

"Sim, você vai" Ele soluçava agora. "Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso." Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás. Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os sentidos.

"Escute, quem é você?" Eu estava agora apenas a alguns metros do meu doppelganger. Foi a mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado, mas ficaria logo. "Por que você-?"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar"

"Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso e-" E então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar..."

Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 - esse número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente comigo.

"David?" Eu tive que perguntar.

"Sim... você vai me machucar, você vai me machucar..." Ele continuo a soluçar e a se balançar. Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David - Da Gerência.

A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça, eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se calou.

"David," ele disse na minha voz, "o que você pensa que vai fazer?"

Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.

"Eu vou sair daqui."

David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.

"Agora" sua voz era um pouco mais profunda que a minha. "Eu vou te machucar. Eu vou te machucar e eu vou te manter aqui" Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão. Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou, baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou o quarto, e eu estava caindo.

A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final. E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso. Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre, acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto 9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel. Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.

Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta, dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas ainda assim cauteloso, juntei coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.

David Williams,

Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um símbolo da sua grande conquista.

Da sua eterna,
Gerência

Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.

Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.

sábado, 13 de outubro de 2012

Os 6 dons das trevas



Se a Bíblia revela quais são os 9 dons espirituais que vem de Deus,
conforme descrito no I Coríntios 12, 7-10,
também as sagradas escrituras revela os 6 dons das trevas, dos quais bruxos e bruxas são possuidores.

Eis-los os 6 dons, para que se conheçam:

I
O dom da incorporação por via da qual se obtêm a sabedoria através do dialogo com demónios e espíritos,
tal como descrito em Actos dos Apóstolos  18,16-17

II
O dom da ciência do oculto, ( Sabedoria 17,7),
por via da qual se praticam os actos que agradam aos demónios, assim gerando magia.

III
O dom da carnalidade, pois esse é a origem de toda a bruxaria, tal como descrito em Tiago, ( 3,15) e no II Livro de Reis, ( 9,22 ; 17,7) .
De acordo com esse dom, tal como descrito no Livro da Sabedoria, celebram-se por ela,
(e com a sabedoria que advêm da ciência do oculto), 
ritos de magia negra e vudu, ( 14,23)  invocatórios dos espíritos infernais

IV
O dom de ser filho da feitiçaria ( Isaías 57,3-5), e fruto da sua luxúria, (Tassalonicensses 5,5), ou seja:
1- ou receber hereditariamente a herança das trevas que corre no sangue dos bruxos e bruxas;
2- ou selar um pacto de serventia ao inferno, através da própria carne e do próprio sangue, por via do qual se assume a filiação demoníaca e os dons das trevas.
Ser filho das trevas, é ser guiado pelos espíritos ( Romanos 8,14)

V
O poder de curar ou causar doenças, enfermidades e outros bens ou males,
assim como o de aliviar ou fazer pesar o fardo da vida que pende sobre as pessoas,
alterando-lhes os destinos, ( Ezequiel 13,17-23)

VI
O dom da profecia, ( Isaías 47,13), que dá a saber o futuro,
revelando seja o que vai acontecer por ordem natural dos eventos,
seja  o que vai suceder através da interferência de espíritos na vida das pessoas

§§§§

Estes são os 6 dons das trevas, que conduzem ás práticas magicas da Magia Negra e Ritual Vudu.

Existem 5 praticas magicas condenadas pelas sagradas escrituras,
( e por isso consideradas de Magia negra, vudu pela doutrina Judaico – Crista), 
conforme o descrito no Livro de Deuteronómio ,(18, 40-12)
e no profético Livro de Isaías, (44,25 - 47,12),
e são elas:


As 5 práticas mágicas:

I
Astrologia

II
Adivinhação

III
Magia , por via da feitiçaria e encantamentos

IV
Consulta aos espíritos

V
Invocação dos mortos

A Verdadeira historia de Emily Rose


Emily Rose foi em realidade uma jovem alemã chamada Anneliese Michel que desde seu nascimento em 21 de setembro de 1952, desfrutava de uma vida normal sendo educada religiosamente desde muito pequena. No entanto, sem advertência sua vida mudou de uma hora para outra quando em um dia do ano de 1968 começou a tremer e se deu conta de que não tinha controle sobre seu próprio corpo. Não conseguiu chamar a seus pais, Josef e Anna, nem a nenhuma de suas três irmãs. Um neurologista da Clínica Psiquiátrica de Wurzburg, Alemanha, a diagnosticou com o "grande mau" da epilepsia. Devido aos fortes ataques epilépticos e à depressão seguinte, Anneliese foi internada para tratamento no hospital.

A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese Michel com 16 anos
Pouco depois de começar os ataques, Anneliese começou a ver imagens diabólicas durante suas orações diárias. Era outono de 1970, e enquanto os jovens desfrutavam das liberdades da época, Anneliese estava atormentada com a idéia de estar possuída, parecia não ter outra explicação às imagens que apareciam enquanto rezava. Como se não fosse o bastante, vozes começaram a perseguir a moça dizendo-lhe que ela ia "arder no fogo do inferno". Ela mencionou estes "demônios" aos médicos só uma vez, explicando que eles haviam começado a lhe dar estas ordens. Alguns médicos consideraram loucura, outros zombaram em silêncio e o restante se mostraram incapazes de ajudá-la; Anneliese perdeu as esperanças de que a medicina pudesse ajudá-la.
A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese era uma moça comum e sorridente
Começaram as buscas por ajuda de religiosos. No verão de 1973 seus pais visitaram diferentes pastores e padres solicitando um exorcismo. Seus pedidos foram recusados e recomendaram que Anneliese, agora com 20 anos, devia seguir com seu tratamento médico. A explicação dada é que o processo pelo qual a igreja comprovava uma possessão (Infestatio) era muito restrito, e até que todos os aspectos não estivesses explicados, o bispo não podia aprovar um exorcismo. Era requerido que alguns fatos já tivessem acontecidos como, por exemplo, aversão por objetos religiosos, falar em idiomas que a pessoa não conhecesse e poderes sobrenaturais.

Em 1974, após ter supervisionado Anneliese por algum tempo, o pastor Ernst Alt solicitou permissão para realizar um exorcismo ao Bispo de Wurzburg. A solicitação foi recusada e seguida de uma recomendação de que Anneliese devia receber um estilo de vida mais religioso com o propósito de que encontrasse a paz. Os ataques não diminuíram, senão que sua conduta se tornou bem mais errática.
A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese com ataque epilético
Na casa de seus pais em Klingenberg, insultava, batia e mordia os outros membros da família. Recusava-se a comer porque os demônios proibiam-na. Dormia no piso gelado, comia aranhas, moscas e carvão, e tinha começado a beber sua própria urina. A vizinhança toda escutava Anneliese gritar por horas enquanto quebrava os crucifixos que encontrava pela frente, destruía pinturas com a imagem de Jesus. Até que iniciou a cometer atos de auto mutilação e a andar nua pela casa fazendo suas necessidades independente do lugar onde estivesse.
A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese amparada pelo pai
Depois de verificar "in loco" de que realmente algo muito estranho acontecia com a moça em setembro de 1975, o Bispo de Wurzburg, Josef Stangl, ordenou ao Padre Arnold Renz e ao Pastor Ernst Alt a praticar um "grande exorcismo" baseado no "Rituale Romanum" com Anneliese. Determinou que ela devia ser salva de vários demônios, incluindo Lúcifer, Judas Iscariotes, Nero, Caim, Hitler e Fleischmann, um curandeiro do Século XVI, e algumas outras almas atormentadas que se manifestavam através dela.
A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese ao lado da mãe
Entre setembro de 1975 até julho de 1976 praticaram uma ou duas sessões de exorcismo por semana, os ataques de Anneliese eram tão fortes às vezes que precisava ser segurada por três homens e inclusive tiveram que amarrá-la algumas vezes. Durante este tempo, Anneliese regressou a uma vida, até certo ponto, normal. Fez os exames finais da Academia de Pedagogia de Wurzburg e ia egularmente à igreja.
A verdadeira história de Emily Rose
Sessão de exorcismo
Os ataques, no entanto, não pararam. De fato, paralisava-lhe o corpo e caía inconsciente pouco depois. O exorcismo continuou por muitos meses mais, sempre com as mesmas orações e esconjuros. Por várias semanas Anneliese recusou-se a comer e seus joelhos sangravam pelas 600 flexões que fazia obsessivamente durante a cada sessão. Foram feitas mais de 40 gravações durante o processo com o propósito de preservar os detalhes.
A verdadeira história de Emily Rose
Sessão de exorcismo
O último dia do rito do exorcismo foi em 30 de junho de 1976, quando Anneliese já sofria de pneumonia, havia emagrecido bastante e estava com uma febre muito alta. Exausta e fisicamente incapacitada para fazer as flexões por sua própria conta, seus pais aparavam e ajudavam-na com os movimentos. A última coisa que Anneliese disse a seus exorcistas foi:

- "... por favor, roguem pelo meu perdão" e virando-se e recostando a cabeça no ombro da mãe disse:

- "Mamãe estou com medo". Anna Michel fotografou a morte de sua filha no dia seguinte, era primeiro de julho de 1976 exatamente ao meio dia. O Pastor Ernst Alt informou às autoridades em Aschaffenburg e o Promotor geral começou uma investigação imediatamente.
A verdadeira história de Emily Rose
Anneliese na manhã do dia 01/07/1976
Pouco tempo depois que tomaram conhecimento destes fatais eventos o filme "The Exorcist" de William Friedkin estreou nos cinemas da Alemanha, levando uma onda de histeria paranormal que infectou todo o país. Psiquiatras em toda Europa reportaram um incremento de idéias obsessivas em seus pacientes.

Os promotores do caso levaram mais de dois anos para conseguir a acusação dos exorcistas de homicídio por negligência. O "Caso Klingenberg" devia ser decidido sobre duas perguntas: O que causou a morte de Anneliese Michel e quem era o responsável?

De acordo à evidência forense, ela morreu de fome e os especialistas demandaram que se os acusados a tivessem forçado a comer uma semana antes de sua morte, Anneliese poderia ter sido salva. Uma irmã declarou que Anneliese não queria ir a uma instituição mental porque poderiam sedá-la e obrigá-la a comer. Os exorcistas trataram de provar a presença de demônios mostrando as gravações dos estranhos diálogos, quando demônios discutiam qual deles iria deixar o corpo de Anneliese primeiro. Um deles, que chamava a si mesmo de Hitler, falava com sotaque carregado (Hitler era austríaco). O fato é que nenhum dos presentes durante o exorcismo teve a mínima dúvida da autentica presença destes demônios.

Os psiquiatras, que foram chamados a testemunhar, falaram da "Doctriniarire Induction". Eles disseram que os padres tinham dado a Anneliese o conteúdo de suas condutas psicóticas aceitando sua conduta como uma forma de possessão demoníaca. Também declararam que o desenvolvimento sexual instável de Anneliese junto a sua diagnosticada epilepsia tinha influenciado a psicose.

O veredicto foi considerado, por muitos, menos rigoroso do que se esperava, os pais de Anneliese assim como os exorcistas foram considerados culpados de assassinato por negligência e de omissão de primeiros socorros. Foram sentenciados a seis meses de prisão que nunca cumpriram. O veredicto incluía a opinião da corte de que os acusados ao invés de propiciar o tratamento médico que a garota precisava, decidiram por práticas supersticiosas que agravou a já crítica condição de Anneliese.

Uma comissão da Conferência Episcopal Alemã depois declarou que Anneliese Michel realmente não estava possuída, no entanto, isto não impediu aos crentes a continuar com a luta de Anneliese, já que muitos criam em sua possessão e que o corpo dela não encontrou paz inclusive após a morte. Seu cadáver foi exumado onze anos e meio depois de ser enterrada, só para confirmar que havia se descomposto e se estava sob condições normais. Na atualidade sua sepultura permanece como um lugar de peregrinação para rezar "o terço" por aqueles que acham que Anneliese Michel lutou valentemente contra o demônio.
A verdadeira história de Emily Rose
O túmulo de Anneliese
Depois de uma missa dominical, ao lado do padre Bob Meets, Anna, a mãe de Anneliese, fez recentemente uma de suas poucas e breves declarações a imprensa:

- "Não me arrependo do que fizemos, era o que tínhamos para combater aquele mal".
A verdadeira história de Emily Rose
O padre Bob e Anna, a mãe, hoje com 85 anos
Apesar de ser um bom filme, "O Exorcismo de Emily Rose" desvia-se da verdadeira história de Anneliese. O filme alemão Réquiem, de Hans-Christian Schmid, centra-se no verdadeiro calvário da sofrida moça.

Antes de críticas contumazes, melhor lembrar que os pais de Anneliese eram simples devotos, não fanáticos. Ninguém incide na gravidade do transtorno e na medicação, totalmente equivocada, e os médicos lavaram as mãos neste caso.

 



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sanatório Waverly Hills


 O terreno foi comprado pelo Major Thomas H. Hays, em 1883. O major Hays precisava de uma escola para suas filhas para ir, então ele mandou construir um quarto da casa para ser a escola e contratou uma mulher cujo nome era Lizzie Lee Harris como professora. A senhora Harris era apaixonada por romances de Scott, Waverley, e foi assim que ela chamou sua “casa-escolinha” de “Waverley School”. O major Hays gostou tanto do nome, por soar tão tranquilo, que ele chamou sua propriedade de “Waverley Hill”. E anos depois, sua casa foi vendida para ser construído um hospital para tratar especificamente de turbeculosos, pois na época, a tuberculose era uma doença comum e considerada terminal e sem cura, pois ainda não tinha sido inventado o milagroso remédio tipo antibiótico.
O Sanatório Waverly Hills começou com um edifício de dois andares. A construção deste edifício começou em 1908 e foi inaugurado em 26 de julho de 1910. Este edifício foi projetado apenas para acomodar de forma segura 40-50 pacientes com tuberculose. A tuberculose era uma doença extremamente grave até que os antibióticos fossem descobertos. As pessoas que estavam aflitas com a tuberculose tiveram que ser isoladas do público em geral e colocadas em uma área onde poderiam descansar ficar calmos, e terem ar fresco também.
Sanatórios foram construídos em altos montes rodeados de tranquilas matas para criar uma atmosfera serena para ajudar os pacientes a recuperar. A tuberculose foi atingindo proporções epidêmicas entre o público em Pleasure Ridge Park, Kentucky. A clínica de tuberculose aos poucos foi sendo preenchida com mais de 140 pessoas, e tornava-se óbvio que um hospital muito maior teria que ser construído.
O sanatório estilo gótico que você vê nas fotos deste texto, ainda permanecem em Waverly Hill até hoje. Este sanatório pode acomodar pelo menos 400 pacientes. Foi considerada uma das mais modernas e bem equipadas instalações, quando se abriu. A construção deste sanatório começou em março de 1924. Foi inaugurado em 17 de outubro de 1926 para administrar os pacientes. Waverly funcionou como um hospital de tuberculose até 1961. Depois que os antibióticos foram inventados, foi encerrado a quarentena e renovado para ser aberta novamente em 1962 como Woodhaven Medical Services. A instalação de um centro de geriatria permaneceu até 1980, quando foi fechado pelo Estado. Depois tiveram mais alguns locatários e funcionou como asilo, dentre outras coisas, mas hoje se encontra abandonado, funcionando apenas para visitantes que querem ver fantasmas.
Houve muitos boatos e histórias contadas por pacientes sobre maus-tratos e experiências incomuns durante os anos que o edifício foi utilizado apenas um lar de idosos. Alguns deles têm sido provados como falso, mas outros, infelizmente, acabaram por ser verdade. Terapia de eletrochoque, que foi considerado altamente eficaz naqueles dias, era amplamente utilizado para uma variedade de doenças. Os cortes no orçamento em 1960 e 1970 levaram a ambas as condições horríveis e maus tratos dos pacientes e, em 1982, o estado fechou o estabelecimento para o bem. 
É de se espantar, só de imaginar que ao longo da história do complexo, tem muita morte, dor e agonia dentro destas paredes. Waverly Hills é considerado um dos lugares mais assombrados do mundo.
Os edifícios e terrenos que compõem Waverly Hills foram leiloados e mudou de mãos várias vezes ao longo das próximas duas décadas. Em 2001, o imponente edifício que já esteve quase destruído pelo tempo, a mal assombrada casa tornou-se um ímã para os desabrigados, procurando abrigo, e os adolescentes em busca de fantasmas. O hospital logo ganhou uma reputação de ser assombrado e começaram a circular histórias de fantasmas residentes, como a menina que foi visto subindo e descendo o solário terceiro andar, o menino que foi flagrado com uma bola de couro, o carro funerário que apareceu na traseiras do edifício deixando cair caixões para fora da caçamba do carro, a mulher com os pulsos sangrando que gritou por ajuda e outros.
Os visitantes disseram ver portas batendo e luzes nas janelas como se algo malígno ainda estivesse correndo através da construção, também estranhos e misteriosos passos em quartos vazios.
Foi nessa época que o hospital chamou a atenção de Keith Age, da Louisville Hunter Ghost Society. Keith era um amigo de longa data de um representante do Espírito da Sociedade Americana de Louisville. Seria o seu trabalho com um programa de televisão que iria levá-lo a Waverly Hills. Ao longo dos vários anos seguintes, o grupo teve uma série de encontros inexplicáveis no edifício.
Uma das lendas de Waverly Hills diz que envolve um homem com um casaco branco que foi visto andando na cozinha, onde o cheiro de alimentos que, por vezes sopra através do quarto. Durante sua primeira visita, eles encontraram a cozinha que estava um desastre, uma ruína de vidros quebrados, reboco caído, mesas e cadeiras quebradas e poças de água. A cafeteria não tinha se saído muito melhor, também em ruínas. Então a equipe rapidamente se retirou. Antes de saírem, porém, vários deles relataram os sons de passos, uma porta fechada e balançando o cheiro de pão fresco no ar. Uma rápida pesquisa revelou que mais ninguém estava no prédio e não havia nada de cozinha. Eles não puderam chegar a nenhuma explicação lógica para o que tinha ocorrido.
Os Ghost Hunters são sempre atraídos para o quinto andar do antigo hospital. O quinto andar, composto por enfermarias de duas estações, uma despensa, uma lavandaria, sala de medicina e dois quartos de tamanho médio. Um deles, Sala 502, é objecto de muitos boatos e lendas. Este é o lugar onde, de acordo com as histórias, as pessoas sentem cheiro de morte, viram formas em movimento nas janelas e ouviram vozes desencarnadas que pediam para que intrusos saíssem.
Há muita especulação quanto ao que se passou nessa parte do hospital, mas o que se acredita que a tuberculose muitas vezes causavam insanidade mental e os doentes deste porte foram alojados no quinto andar. Este andar mantinha os pacientes longe do resto dos pacientes no hospital, mas ainda em uma área onde eles poderiam se beneficiar do ar fresco e sol. Este piso é realmente centrado no meio do hospital e tem duas alas, que se estende desde a enfermaria até a estação. É envidraçado por todos os lados e se abre para um tipo de telhado, tipo um pátio. Os pacientes foram isolados em ambos os lados da enfermaria e estações e eles tinham que ir a uma porta entreaberta em cada estação para pegar sua comida e medicamentos e para usar o banheiro, que ficava ao lado da estação.
As lendas do quinto andar são muitas:
Histórias dizem que em 1928, a enfermeira-chefe foi encontrada morta no quarto 502. Ela cometeu suicídio enforcando-se em uma grande luminária. Ela tinha 29 anos de idade e no momento da sua morte ela era solteira e estava grávida. Sua depressão sobre a situação a levou a tirar sua própria vida. Não se sabe quanto tempo ela pode ter ficada pendurada nesta sala antes que seu corpo fosse descoberto. E esta não seria a única tragédia para ocorrer neste quarto.
Em 1932, outra enfermeira que trabalhava na sala 502, pulou do telhado do pátio e a partir daí surgiram várias histórias de sua morte. Ninguém parece saber por que ela teria feito isso, mas muitos têm especulado que ela pode realmente ter sido empurrado sobre a borda. Não há registros para indicar isso, mas os rumores continuam a persistir.
O Ghost Hunters Society de Louisville foi completamente subjugado por Waverly Hills, ao longo dos vários anos seguintes. Eles introduziram o sanatório para uma audiência nacional de televisão, realizaram duas conferências de caças fantasmas lá e todos alegam que passaram dezenas de horas ingratas. Eles também disseram que durante as investigações, aconteceram inúmeros incidentes de atividade paranormal.
Durante um período inferior a cinco anos, os membros da Ghost Hunters Society de Louisville experientaram sons fantasmagóricos, ouviram o bater de portas, luzes acesas no prédio, quando não se deveria ter luz, pois a energia elétrica do prédio está cortada há anos, havia objetos jogados contra eles, foram atingidos por mãos invisíveis, viram aparições nas entradas e corredores e muito mais.











quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ouvindo vozes


“A nossa memória, retalhos do passado costurado pelo afeto, responde pela saudade. Tal tragédia suspende os remendos da memória. As sapucaias e as cajazeiras são quase imagens que desaparecem. Difícil alcançar sentidos com a armadura da loucura para atravessar o ritual macabro de uma lembrança com o poder de alterar o destino.”


As histórias do hospício e as lendas do encantado são contadas pelo psiquiatra Edmar Oliveira. Ele conta das reformas nos hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro, como Engenho de Dentro e Nise da Silveira. Narra histórias centrando atenções em pessoas, não em diagnósticos. Emociona pela prosa eivada de poesia. Raros são os psiquiatras com tal sensibilidade. Eles, em geral, acreditam mais em medicamentos e tratamentos de choque, enquanto em muitos casos outras químicas, como a do olhar e a da palavra, se fizessem mais eficientes.  



Sempre à espreita nos manicômios, os dragões ora tomam a forma da burocracia ora a do descaso e vão se desdobrando em indiferença, em morte súbita e em suicídio. Sistema desumano, assim como os dragões das lendas do desencanto. Isto sim, coisa de loucos. “Pela manhã (descobri que no hospício praticamente só se morria à noite e silenciosamente) um pacote fúnebre passava pelas alamedas em direção ao necrotério.”



Em meio a histórias reais de gentes até sem nome, mas que depois ganharam inclusive sobrenome, o enlouquecimento no hospício pelo agravamento de casos maltratados, pelo abandono das famílias e do Estado. Funcionários públicos acomodados, preguiçosos, desleixados e até perversos (até hoje) sob a lei ainda dos tempos da ditadura, segundo a qual não podiam ser demitidos, sob pena de o Estado ser acusado de perseguição política.



- Nunca vou esquecer o que me disse um dia Xavier: a internação era pior que a prisão. Na prisão, perdia-se a liberdade, no hospício perdia-se a liberdade e a razão, que é a liberdade da alma. Aqui não era só o corpo, mas a alma também estava aprisionada. O hospício com seu poder de aniquilar corpos e aprisionar as almas vivia dentro daquela gente. Logo descobri que o que produzia os sintomas dos habitantes do manicômio não era a doença, mas o tratamento. Aquilo não pertencia às pessoas, mas o que o hospício chamava de tratamento produzia um efeito colateral muito parecido.
Estes são os “engenhos de dentro”, cujos sintomas aparecem externamente, mas que são forjados pela “engenharia de fora”, a da loucura imposta ou a do diagnóstico piorado pelo tratamento inadequado. O pior sintoma é notado quando a doença se cronifica. Dependendo do grau de esquizofrenia e do seu tratamento, por exemplo, o sujeito pode viver livre e em sociedade, a sua escolha. “A minha cama já virou leito, disseram que perdi a razão”, registra Edmar Oliveira sobre a letra da música “Que loucura”, do compositor e cantor fluminense Sérgio Sampaio para o poeta piauiense Torquato Neto:
Fui internado ontem
Na cabine cento e três
Do hospício do Engenho de Dentro
Só comigo tinham dez

Estou doente do peito
Eu tô doente do coração
A minha cama já virou leito
Disseram que eu perdi a razão
Tô maluco da ideia

Guiando carro na contramão
Saí do palco e fui pra platéia
Saí da sala e fui pro porão     



Enquanto a cama é pessoal e intransferível, o leito é impessoal e só passagem, porque dali se sai ou ali se morre.  A questão de Edmar Oliveira, reiterada ao longo de toda a obra, trata do “como” levar os internados (enterrados) no porão de volta à sala. O maior entrave, denuncia o autor, ainda é o descaso do poder público, a começar pelo péssimo uso das verbas milionárias de que dispõe.  


*"Anotações para o cemitério dos vivos" é um texto inacabo do escritor fluminense Lima Barreto, sobre suas internações para tratamento do alcoolismo em instituições psiquiátricas  - então denominadas manicômios e/ou hospícios. O texto está publicado na segunda parte deste mesmo livro assinado pelo psiquiatra Edmar Oliveira.